O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 85 Esse processo deve ter facilitado a aplicabilidade de ações técnicas, elaborações metodológicas e científicas, sobretudo distorcendo com rigor e cegueira, os conhecimentos produzidos nos bancos escolares e acadêmicos. A visão acadêmica se cristalizou e ocasionou diversas interpretações errôneas e equivocadas, tanto no âmbito da escrita como também nos discursos científico e pedagógico. Neste sentido, também Hernandez em suas pesquisas e estudos sobre o continente africano acrescenta que: O conjunto de escrituras sobre a África, em particular entre as últimas décadas do século XIX e meados do século XX, contém equívocos, pré-noções e preconceitos decorrentes, em grande parte, das lacunas do conhecimento quando não do próprio desconhecimento sobre o referido continente. Os estudos sobre esse mundo não ocidental foram, antes de tudo, instrumentos de política nacional, contribuindo de modo mais ou menos direto para uma rede de interesses político-econômicos que ligavam as grandes empresas comerciais, as missões, as áreas de relações exteriores e o mundo acadêmico. (HERNANDEZ, 2005, p. 18) As doutrinações educacionais surgiram com a vocação de doutrinar e dominar os comportamentos dos cidadãos e isso também foi prejudicial para os sujeitos que nunca puderam ser incluídos na educação por terem sido tratados e analisados como incapazes de interagir e se integrarem no meio social. A prática pedagógica demonstra ter sido severa neste sentido. Ao discutir a pedagogia de Paulo Freire, Peter McLaren (2000) descreve a prática pedagógica a partir da pós-modernidade, apresentando a ideia de uma prática baseada na humildade que rejeita certos tipos de arrogância. Argumenta McLaren (2000, p. 64) que “Freire descreve a prática pedagógica dentro da pós-modernidade como uma

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