O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 77 e na teoria e que não se tenha visão dos pontos que impedem as inclusões de fato. Mediante estudos, observações de campo e demais trocas de experiências nas atividades com discussões teóricas voltadas sobre a pluralidade cultural e a relação educativa em torno da diferença é notório a falta de conhecimento e estudos melhor analisados sobre o multiculturalismo e o contexto da branquidade. Para Melucci (2004, p. 36), “o problema atual é o reconhecimento dessa pluralidade, sem pretensões de reduzir nossa experiência do tempo a uma única dimensão”. A falta de visão histórica e científica existente em relação à pluralidade étnica da branquidade parece ter obscurecido as pesquisas, produções de conhecimento e estudos acerca desta temática ou destes conceitos, nas diferentes áreas de conhecimentos, dificultando as avaliações e análises das situações conflituosas sob um olhar pluralizado. Ao incluir os brancos entre aqueles que seriam influenciados pela “ideologia da brancura”, Ramos23 numa reflexão mais além, afirma que brancos sofreriam de uma verdadeira “patologia social”. Esta “patologia” se perpetua fortemente em nosso cotidiano. Afirma também Melucci (2001, p. 83) “Que a patologia manifesta-se quando permanecem formas simbólicas.” O pensamento de Guerreiro Ramos (1956) junto com Melucci (2001) ilumina o entendimento dessa complexidade racial, aqui, a “real realidade”. São teorias que possibilitam uma visão mais consistente dos nossos estudos, pesquisas e análises. A patologia que discutimos não está mais ligada apenas na patologia dos afrodescendentes, mas o diálogo com os autores contribui sobre a patologia silenciosa da população “branca”. O fato de não poder se expressar significa uma inibição que torna o sujeito excluído de sua própria ação pessoal e rela23 Disponível em: <www.fafich.ufmg.br>. Artigo de MAIO, Marcos Chor. Uma Polêmica Esquecida: Costa Pinto, Guerreiro Ramos e o Tema das Relações Raciais. GUERREIRO RAMOS, Alberto (1939). Introdução à Cultura. Salvador, Cruzada da Boa Imprensa.

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