O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

76 O espelho quebrado da branquidade trata mais de tratar só o indivíduo, mas o sistema de relações. Esse processo aumenta a probabilidade de atribuição social da patologia, mas amplia também o potencial de autonomia”. Uma internalização complexa e de certo modo, implícita e explícita ao mesmo tempo, aquilo que chamamos de “racismo velado” ou “discriminação velada”. Talvez a ideia é poder fomentar a importância desta temática no campo empírico e, através do fortalecimento e visibilidade dessas internalizações dos brancos, possa-se obter maior esclarecimentos dos dilemas e das falsas inclusões que sempre se apresentaram de forma truncadas ou como apêndices insignificantes de que fala Melucci (2004, p. 156): “essa ‘internalização’ abre um novo dilema: inclusão/exclusão. A inclusão empurra na direção de um nivelamento das diferenças e transforma as culturas periféricas em apêndices insignificantes”. No cotidiano, percebe-se que as relações sociais vão dificultando cada vez mais o diálogo aberto e franco entre todos os sujeitos. Para Melucci (2004, p. 105), “as relações sociais transformam-se em ‘problemas’ ou em patologias, e difunde-se as intervenções terapêuticas nos mais diversos campos, desde as relações sexuais até a família, a educação dos filhos, a escola”. Parecem seguir a mesma lógica dos desconhecimentos sobre as implicações existentes no contexto internalizado na maneira de ser da branquidade e a relação de cordialidade com a negritude. A nosso ver, para os mesmos, não há diferença, mas também não percebem a sutileza no tratamento e nas faltas de oportunidades para a população negra. De outro lado, mesmo diante dos dados estatísticos apresentados não sabem analisar o porquê da ausência e não participação dos afrodescendentes nas esferas públicas e políticas públicas afirmativas. Este processo nos leva a questionar, pesquisar e tentar apresentar um diagnóstico mais embasado sobre essas polêmicas existentes no cotidiano. Não acreditamos que apenas os dados apresentados nas estatísticas numéricas darão conta desta inclusão ou de estudar a razão de uma exclusão centrada no discurso

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