O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

78 O espelho quebrado da branquidade cional. Dentro da proposta do nosso objeto de estudo, buscamos apresentar metodologicamente dois “espelhos”, a saber: a) um “espelho que trata de toda elaboração da situação maquiada para a população afrodescendente desde seus antepassados”; e b) o outro “espelho que trata de toda elaboração maquiada para a população branca desde seus antepassados”, mostra com nitidez o que é posto para um e o que é posto para o outro. Ancorada na ideia de Melucci (2004) e Vron Ware (2004) temos apontamentos que nos parecem desconhecidos e muitos outros já observados e que necessitam ser melhor explorados, principalmente nas áreas da psicologia, antropologia e, sobretudo, na pedagogia e na filosofia de todas as ciências. Segundo Melucci (2001, p. 109), “o pertencimento étnico se impõe como um dos critérios de definição da identidade nas sociedades complexas”. No campo da diversidade étnica, ao se tratar de um valor específico de cada identidade étnica, surgem novos e variados conflitos entre identidade e misturas de costumes, ritos, histórias e demais simbologias culturais que são difíceis de estudar e analisar. Em outras palavras, afirma Ramos (1939, p. 180) que o “nosso branco é, do ponto de vista antropológico, um mestiço, sendo, entre nós, pequena minoria o branco não portador de sangue negro”.24 Esta situação étnica tem deixado inúmeras lacunas em toda sociedade brasileira. 2.3 No espelho de Paulo Freire Diante deste desafio e resgate de direitos sociais e educacionais é que parecem propícias a ideia e a importância da intervenção de Paulo Freire, por sua dedicação ao método de 24 A pesquisa de Costa Pinto só foi publicada no final de 1953. Desde o ano anterior, Guerreiro Ramos já trabalhava na Casa Civil do governo Getúlio Vargas (OLIVEIRA, 1995b). No segundo semestre de 1952, Guerreiro Ramos começa a participar de reuniões com um grupo de intelectuais (Helio Jaguaribe, Ignácio Rangel, Roland Corbisier, Juvenal Osório Gomes, Hermes Lima e outros) que criaram posteriormente o IBESP, futuro ISEB.

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