O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 35 1.2 Na academia: o silêncio e as reproduções teóricas A sociologia brasileira e a academia em geral pouco parecem estar atentas às consequências trágicas de tudo isto. E os poucos sociólogos e cientistas sociais brasileiros que fazem análises críticas sérias sobre a questão pouco são lembrados na formação dos profissionais de sociologia. Ao longo do processo da formação acadêmica, foi marcante a constatação de certo desequilíbrio no uso de autores. As consideráveis homenagens e ressuscitações de muitos outros sociólogos importantes como o francês Pierre Bourdieu, Antônio Gramsci - um renomado italiano -, quanto também o famoso italiano Norberto Bobbio, o velho e imortal Max Weber, Émile Durkheim, além do provocante e venerado Karl Marx. Avaliamos as ricas contribuições que todos estes autores apresentam para toda sociedade brasileira e para o mundo. Percebe-se que são fontes de águas “profundas” e às vezes “intransparentes”. Se, no todo, existe um grande desequilíbrio no uso de autores europeus em detrimento de autores brasileiros, é também notável o pouco caso feito para com autores que assumem posicionamentos menos deturpados ou “torcidos” no rumo e conhecimentos extraídos de suas pesquisas em relação às suas teorias raciais, sociais, filosóficas, antropológicas. Podemos citar aqui o famoso Guerreiro Ramos que deixou um rico campo de debate sobre a temática da “branquidade fictícia” ou a “patologia do branco brasileiro”, e, também, Frantz Fanon com a ampla discussão voltada para a “negritude”, entre outros autores negros que marcaram sua época. Fica evidenciado que estes não tiveram a mesma visibilidade científica e teórica da mesma maneira que tiveram alguns outros autores ilustres da mesma época. Não é que não se fala da questão racial. Os negros foram e são objetos de muitos estudos. Trata-se de olhares brancos sobre os negros. Estes sempre estiveram no auge das discussões, tanto no âmbito escolar, acadêmico quanto no social, e, agora

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