O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

34 O espelho quebrado da branquidade vos que não tem sangue dos brancos aproximam-se da beleza, mas não a atingem. De todas as misturas raciais, as piores, do ponto de vista da beleza, são as formadas pelo casamento de brancos e negros. (MUNANGA, 1999, p. 43) As leituras bibliográficas nos propiciaram importantes buscas de aprofundamentos destes cientistas para compreendermos a situação de sofrimento e conflitos causados para toda humanidade e, sobretudo, para a população negra e indígena, principalmente para os brancos que, de certa forma, também sofreram e sofrem com a domesticação da superioridade. As leituras realizadas também nos fizeram descobrir as reações desafetuosas do autor com relação à democracia pensada naquela época. Para ele, esta ciência não lhes era compatível e lhes causava algumas decepções e isso o levou a ser severo em sua ideologia e escrita científicas. Alega Poliakov7 que: Gobineau não fez senão sistematizar, de forma muito pessoal, concepções já fortemente enraizadas na época; o que trazia de novo era, sobretudo a conclusão pessimista, o dobre fúnebre da civilização. Sob pretexto de ciência, exalava assim seus rancores ou decepções de toda ordem; aliás, ele mesmo confessava que esta ciência “era para ele apenas um meio de satisfazer seu ódio pela democracia e pela Revolução”8. (POLIAKOV, 1974, p. 217, grifo do autor) 7 Id., ibid.. 8 Carta ao Barão Von Prokesch-Osten. (Cf. A. Cambris, la Philosophie dês races du comte de Gobineau, Paris, 1937, pp.158-159). Citado em Poliakov, 1974, p. 217.

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