O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

36 O espelho quebrado da branquidade reapareceram com nova força em torno das políticas afirmativas de inclusão racial. Está ausente o olhar sobre os brancos. Ainda hoje, parece que os brancos sempre procuram uma brecha para não assumirem as suas deficiências históricas e patológicas. Este olhar sempre foi silenciado. Muito pouco, ou nada, se encontra na sociologia e na antropologia brasileira com relação a isto. Faz-se necessário reconhecer a realidade e, a partir daí, saber interpretá-la seriamente. Neste sentido, Freire (1986, p. 104) complementa, dizendo que “somos ensinados a descrever, simplesmente, partes limitadas da sociedade, ou a ver através de visões de conjunto distorcidas e, assim, o contato com a realidade nos é vedado”. Toda problemática sistematizada sobre as políticas afirmativas apresenta indícios de que a discriminação e o preconceito de fato não chegam a ser explicitados. Diante desta realidade profundamente complexa, propomos um estudo de investigação e interpretação mais amparada e evidenciada em autores que muito pouco foi discutido e estudado, aqui no caso de Appiah (filósofo africano), objetivando a visibilidade dos sujeitos inseridos e como os mesmos são incluídos neste processo de cidadania brasileira e os conceitos que podem auxiliar no resgate da história que foi duramente estudada à avessa, ou na maioria das vezes nem foi apreciado pelos cientistas da época. Intelectuais afrodescendentes e africanos como, por exemplo, Appiah, Fanon, Aimé Césarie e outros de origem africana e africanos, já faziam parte do mundo intelectual, buscando desconstruir os pré-conceitos ideologicamente influenciados por pensadores intelectuais eurocêntricos, desde o século XIX. As resistências e as perturbações entre ambos (brancos e negros) parecem restringir-se apenas a conceitos como “racismo, cotas, raça, políticas”, entre outros. Para Appiah (2006, p. 33), “[o] racialismo, entretanto, é um pressuposto de outras doutrinas que foram chamadas de ‘racismo’; e essas outras doutrinas têm sido nos últimos séculos, as bases de um bocado de sofrimento humano e a fonte de inúme-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz