O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

32 O espelho quebrado da branquidade Em 1850, queria-se suprimir a escravidão, acabando com o tráfico; em 1871, libertando desde o berço, mas de fato depois dos vinte e um anos de idade, os filhos de escrava ainda por nascer. Hoje quer-se suprimi-la, emancipando os escravos em massa e resgatando os ingênuos da servidão da lei de 28 de setembro [de 1871]. É este último movimento que se chama abolicionismo, e só este resolve o verdadeiro problema dos escravos, que é a sua própria liberdade. (NABUCO, 1871, p. 24) A rápida visita feita a alguns expoentes daquele debate passado, de certa forma nos ajudou a entender o que significa o início de uma tragédia social e racial que se apresenta de forma complexa e constrangedora na sociedade brasileira e em outras partes do mundo. Conforme assevera Fernandes (1978, p. 16), “[mesmo] os abolicionistas mais íntegros e tenazes não puderam ser seus porta-vozes válidos”. A nosso ver, este processo fortaleceu as bases ideológicas de alguns cientistas e fragilizou as bases ideológicas de outros que poderiam estar evitando o enraizamento dessas marcas prejudiciais em toda humanidade. Os métodos científicos das teorias aqui apontadas vieram desde então, provocando possivelmente um aprendizado educativo, focados nos sentimentos e convicções racistas dos cientistas brancos profundamente equivocados com a visão étnica da humanidade. Desses autores, podem-se sistematizar aqui as teorias que marcaram sociológica e antropologicamente o final do século XIX e o início do século XX. Tais teorias têm suas bases focadas no idealismo de um projeto delineado pela força simbólica da desigualdade, elaborado por cientistas que definiram suas ideologias cientificas no conceito de raça e também, por que não dizer: sobre a negritude. A retomada aqui sobre os cientistas que marcaram o início das teorias raciais nos possibilitou uma abertura histórica na área da sociologia e da antropologia para entender como foram

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