O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 31 mundo. Será quando já estiver de todo aclimatado no continente. Dois fatos contribuíram largamente para tal resultado: de um lado a extinção do tráfico africano e o desaparecimento constante dos índios, de outro a imigração europeia”. (BOTELHO, 1978, p. 55) Outra referência deste clássico brasileiro do racismo, que complementa muito bem é apresentada por Seyferth, quando Romero chega a afirmar que: Manda a verdade que uma almejada unidade, só possível pelo mestiçamento, só se realizará em futuro mais ou menos remoto; pois será mister que se deem poucos cruzamentos dos dois povos inferiores entre si, produzindo-se assim a natural diminuição destes, e se deem, ao contrário, em escala cada vez maior com indivíduos da raça branca [...] E mais ainda, manda a verdade afirmar ser o mestiçamento uma das causas de certa instabilidade moral na população pela desarmonia das índoles e das aspirações no povo, que traz a dificuldade de formação de um ideal nacional comum. (ROMERO, 1949, p. 294-296 apud SEYFERTH, 1996, p. 51) Ao resgatar as marcas científicas no mundo da ciência racial, encontramos alguns cientistas que projetavam outra visão mais humanizada, entre eles deve ser destacado o cientista Joaquim Nabuco.6 Este autor foi um dos abolicionistas que não admitia o tráfico de escravos já em 1871. Assevera o autor que 6 NABUCO, Joaquim. O abolicionismo. In: SANTIAGO, Silviano. Intérpretes do Brasil. 3 volumes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. Vol. 1, p. 3-167 (obra de 1883).

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