O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

130 O espelho quebrado da branquidade De modo geral, parece que são deficiências provocadas pelo teor cientificista que tudo padronizou e ideologizou arbitrariamente, não considerando as particularidades etnoculturais existentes nos meios sociais e raciais segregando no não acompanhamento dos avanços sociais e interculturais, focando os conhecimentos apenas no viés tecnológico. Por isso, a importância da transdisciplinaridade no sentido de quebrar alguns paradigmas restritos e bancado pelo poder das técnicas vazias, ou centrado no discurso vazio do cotidiano. A incerteza da socialização do saber, por não obter clareza das didáticas oferecidas e as metodologias a serem usadas e postas para o sujeito afrodescendente novamente na obscuridade da dialógica do conhecimento, demonstra continuidade de possíveis lacunas, caso não haja uma ética de valorização e respeito para com a diversidade. Pereira conclui: Como falar, então de avanços significativos na educação, se conteúdos e procedimentos didáticos ainda se encontram impermeáveis a essa temática, e a maioria dos agentes educacionais insiste em permanecerem cegos, surdos, e mudos à exuberante diversidade de sua clientela, e culpando a grande maioria por não se encaixar nos padrões cognitivos, afetivos, estéticos e comportamentais requeridos? (PEREIRA, 2005, p. 38) Diante da complexa mudança e adaptação de paradigma, entendemos que não significa apenas uma reforma de pensamento, mas também postar-se diante de uma ética que contribua nos desvelamentos dos conceitos estereotipados, centrados nas diversas culturas e nos sujeitos. Neste sentido, afirma Frankenberg (2004, p. 309)47 que “[os] estereótipos seriam banais, se não fossem tão letais, tão contundentes em termos físicos, emocionais, 47 FRANKENBERG, Ruth. A miragem de uma branquitude não marcada. Artigo publicado na obra de Vron Ware. Branquidade: Identidade branca e multiculturalismo (2004).

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