O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 127 ponto de torná-lo com a cor escolhida por eles e como eles mesmo desejavam e celebravam dando o nome de “branco”. As discussões geradas em torno destas temáticas apresentam também o que se conhece por unificação das culturas confundindo equivocadamente com a ideologia da igualdade, o mito da democracia racial enrustido nas políticas sociais e políticas públicas. Isso tem dificultado cada vez mais o processo de aprendizagem, apreensão e construção de conhecimentos em diversas áreas, como história, formação pedagógica45 e didática nas instâncias acadêmica. Os estudos relacionados aos termos étnicos dirigidos a “brancura”, embora sendo uma temática nova em termos de pesquisa e análise, apontam para estereótipos muito silenciosos arraigados dentro destes conceitos ou, podemos dizer aqui, preconceitos que necessitam de estudos e pesquisas mais aprimorados com o objetivo de buscar uma reeducação da população tratada como branca.46 Nas tentativas de diálogo ou discussões mais abertas e francas, visando abrir um recorte sobre as relações étnico-raciais e possíveis indicadores que assegurarão, de certa forma, essa inclusão das trocas de experiências mais simplificadas no campo da “real realidade” cotidiana, é magnífico perceber as duras reações e posturas de “enraivecimento” e parece uma espécie de “fúria” inconsciente por parte do branco. Uma manifestação que ele nem sente, não vê e muito menos percebe e logo isso se trans45 MELUCCI, Alberto. O Jogo do Eu: mudanças de si em uma sociedade global. Editora Unisinos, 2004, p. 106: “Nos processos educativos, familiares e escolares, a relação pedagógica transforma-se frequentemente em relação terapêutica. Qualquer dificuldade de aprendizagem ou de comunicação é tida como defasagem psicológica ou relacional e ativa um processo de tratamento setorial que não é, geralmente, senão o início de uma cadeia de intervenções”. 46 São conceitos que, do nosso ponto de vista, foram, até os dias de hoje, muito pouco conhecidos ou muito pouco explorados na academias brasileiras, com exceção da PUC-RJ, que já vem atuando em pesquisas sobre esta temática.

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