O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

126 O espelho quebrado da branquidade plexidades minuciosas e torcidas, de um lado, para a população negra e, de outro lado, muito silenciosa, desconhecida e oculta para a população branca. A nosso ver, é o que Melucci (2001) e Ramos (1956) vão chamar de “patologia social”, e aqui acrescentamos para ilustração teórica da nossa tese a “patologia racial”, em que os problemas sempre foram jogados para os negros. Muitas situações vividas no campo mais sutil, onde se dá a forma mais rígida de inibição no trato com qualquer sujeito que apresenta uma cultura diferenciada de ser, é questionável a prática pedagógica. Quando vai se tratar das relações étnico-raciais e inclusão, ficam explícitas as reações que parecem ser algum tipo de ameaça para os não negros. A postura autoritária e a maneira como surgem as expressões e falas nos acionam para um ponto de partida em relação à exclusão que acontece em meio a um silêncio por parte do branco, ou, então, por postura ou atitudes arquitetadas numa armadura onipotente e agressiva. Em nossas observações de campo e participações em reuniões em que se rediscutiam os elementos transversais de inclusão dos sujeitos como os afrodescendentes e indígenas, ficaram evidenciadas as articulações de sujeitos iguais, ou seja, brancos. Os mesmos buscavam realizar as estruturações longe das discussões e interações com aqueles que poderiam estar somando com as ideias metodológicas e pedagógicas de inclusão. Os conflitos gerados na elaboração do processo de igualdade nos direitos da população afrodescendente têm provocado inúmeras situações em torno da identificação branca e a sua definição sanguínea de ser ou não de origem negra. – Para os afrodescendentes, em termos de inferioridade, se apresenta de forma diferente apenas em termos conceitual, mas em termos ideológico e científico, ambos os conceitos sofrem a marca do desnorteamento racial. – Já os eurodescendentes em termos de superioridade, se apresenta de forma absolutamente desmaquiada, ou seja, os cientistas parecem ter cientificamente descascado o conceito a

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