O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 117 cia racial que se revelariam na “ideologia da brancura” e na “patologia social do branco brasileiro”. A “ideologia da brancura” foi definida por ele como a crença de que “a cor da pele do negro parece constituir o obstáculo, a anormalidade a sanar”. (MAIO, 1997, p. 25) Estas duas linhas de reflexão nos auxiliam a entender as diversas situações conflituosas que têm ocorrido na sociedade como um todo e, principalmente, no mundo acadêmico. O sociólogo divide essa tradição entre aqueles que procuravam incorporar o negro à nação, embora com uma série de equívocos de natureza racista, como Oliveira Vianna (1956), e aqueles que, com uma visão racista e pessimista, como Nina Rodrigues (1957), não conseguiam encontrar “um lugar para o negro”, já que este ameaçaria a identificação entre os destinos da nação e a civilização branca e ocidental. Ainda acrescenta Maio que a importância da retomada de uma nova abordagem sociológica a partir da visão dos negros engajados no Teatro Experimental do Negro - TEN: A radiografia do pensamento social brasileiro feita por Guerreiro Ramos em 1953 foi aprofundada no ano seguinte em reação às críticas de Costa Pinto ao TEN. Além de transformar textualmente o sociólogo mulato em objeto de estudo, na medida em que o mesmo seria um dos ideólogos do TEN, Costa Pinto caracteriza o movimento negro como uma elite mergulhada em um profundo dilema por estar nos estratos superiores da sociedade, mas não ser aceita de fato pelas “elites brancas”. Além disso, afirma que a “ideologia da negritude” seria um “racismo às avessas” e que a “elite negra” se constituiria em uma minoria totalmente descolada da

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