O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

116 O espelho quebrado da branquidade é fruto de um trabalho de curso ministrado por alguns professores de Ciências Sociais. A partir do processo da sociologia no Brasil (1953);42 suas indagações estão embasadas no resgate de uma produção sociológica que viria desde o final do século XIX articulando a teoria social e a teoria racial. Nesse sentido, a nova sociologia do negro de Guerreiro Ramos (1956) contribui decisivamente com o nosso trabalho de pesquisa, buscando entender o marco estabelecido teoricamente entre o passado e o presente no pensamento social e racial brasileiro. No artigo de Maio (1997) encontramos uma orientação muito fundamentada neste aspecto histórico em que ele discutiu a ideologia sociológica de Guerreiro Ramos e Costa Pinto. Guerreiro Ramos (1956) afirma sua ideia baseada em duas linhas fundamentais relacionando-a à democracia racial e à patologia da qual centramos nossa preocupação nesta parte teórica melucciana. Conforme Maio em seu artigo a respeito deUma polêmica esquecida entre Guerreiro Ramos43 e Costa Pinto: Comportam-se duas linhas de reflexão. A primeira diz respeito aos limites da democraInstitucionalização das Ciências Sociais”, ministrado pelos professores Luiz Werneck Vianna, Maria Alice Rezende de Carvalho e Manuel Palácios Cunha Melo. 42 A pesquisa de Costa Pinto só foi publicada no final de 1953. Desde o ano anterior Guerreiro Ramos já trabalhava na Casa Civil do governo Getúlio Vargas (OLIVEIRA, 1995b). No segundo semestre de 1952, Guerreiro Ramos começa a participar de reuniões com um grupo de intelectuais (Helio Jaguaribe, Ignácio Rangel, Roland Corbisier, Juvenal Osório Gomes, Hermes Lima e outros) que criaram posteriormente o Ibesp, futuro Iseb. Fazia parte da pauta de discussões do Ibesp, segundo Schwartzman, “o subdesenvolvimento brasileiro, a busca de uma posição internacional de não alinhamento e de terceira força, um nacionalismo em relação aos recursos naturais do País, uma racionalização maior da gestão pública [e uma] maior participação de setores populares na vida política”. 43 Disponível em: <www.fafich.ufmg.br>. Artigo de Marcos Chor Maio. Dados vol. 40 n. 1. Rio de Janeiro, 1997. Uma Polêmica Esquecida: Costa Pinto, Guerreiros Ramos e o Tema das Relações Raciais. GUERREIROS RAMOS, Alberto. (1939). Introdução à Cultura. Salvador, Cruzada da Boa Imprensa. Vol. 40 n. 1 Rio de Janeiro 1997. Disponível também em: <www.scielo.br/scielo>.

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