O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

118 O espelho quebrado da branquidade “massa negra”, não percebendo que a dicotomia entre raça e classe é uma falsa questão. (MAIO, 1997, p 46) A análise de Costa Pinto (1953) só viria a confirmar, segundo Guerreiro Ramos (1956) a ideia de que a sociologia estaria impregnada de estudos nos quais o negro seria transformado em “material etnográfico’. Hoje, podemos afirmar que tanto Costa Pinto, quanto Guerreiro Ramos são intelectuais contribuintes para com o nosso problema de pesquisa. Ainda hoje, no mundo acadêmico e nas discussões mais amplas no âmbito de Estado brasileiro, muitos intelectuais e pensadores negros se veem confrontados com esta problemática de pesquisas metodológicas, onde os estudos sobre a cultura negra se baseiam nos moldes puramente etnográficos ou prevalece, ainda, a ideia do negro empalhado nos museus brasileiros. Acrescenta Ramos: O “problema do negro”, tal como é colocado na sociologia brasileira, é, à luz de uma psicanálise sociológica, um ato de má fé ou um equívoco. E este equívoco só poderá ser desfeito por meio da tomada de consciência pelo nosso branco ou pelo nosso negro, culturalmente embranquecido, de sua alienação, de sua enfermidade psicológica. Para tanto, os documentos de nossa socioantropologia do negro devem ser considerados como materiais clínicos. (RAMOS, 1956, p. 155) A discussão de Ramos não se apresenta de modo ultrapassado e longínquo, os equívocos, as alienações estão muito vivas na sociedade brasileira. O agravamento da textura da branquidade dá uma ideia de que, sem a tomada de consciência e reconhecimento desta forma de ser branco, pode reforçar ainda mais essa textura branca que se aprofunda hegemonicamente, até

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