O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 101 mais chamou a atenção nas nossas observações, em algumas universidades, é o próprio silêncio de profissionais e de intelectuais que procuram se resguardar debaixo de uma espécie de manto silencioso e misterioso, não possibilitando um diálogo aberto e favorável ao conhecimento científico melhor esclarecido. Esse estudo e esse aprofundamento nos remetem diretamente ao nosso ponto de partida enquanto problema/objeto de estudo e preocupação de Florestan Fernandes (1972, p. 14)35 quando interroga, como já lembramos anteriormente: “Qual seria a chance dos povos indígenas e africanos de compartilhar as experiências históricas dos colonizadores e seus descendentes?”. As críticas voltadas para as temáticas que se referem à possível inclusão dos afrodescendentes, como a Lei 10639 e o Estatuto da Igualdade Racial, que rege a inclusão da cultura negra na educação escolar e no ensino superior, podem certamente provocar algum tipo de patologia ou reações adversas na população branca. Um dos exemplos está centrado nas discussões sobre “cotas” ou políticas afirmativas para os afrodescendentes para sua oportunidade de acesso e escola, ou seja, no ensino superior. Podemos pontuar amplos debates e conflitos em torno dessas discussões, dentro e fora do mundo acadêmico em diversas universidades brasileiras. Uma observação importante a respeito da qual devemos refletir aqui é um fato que parece ser novo, e se não o for, estamos nesta descoberta. Em algumas das universidades que possui algum trabalho mais voltado para a população afrodescendente, se acentua uma profunda resistência por parte de profissionais brancos alegando que os mesmos estão realizando trabalhos separados. Em termos científicos, diversos autores estão aguçados ideologicamente produzindo, sobretudo, teorias contra e outros a favor do sistema de “cotas” para negros. Esse debate parece estar mais centrado tanto em cientistas conservadores como progressistas da alta elite intelectual brasileira. Argumenta Silva que: 35 FERNANDES, Florestan. O Negro No Mundo dos Brancos/Florestan Fernandes. São Paulo, 1972. Editora Difusão Europeia do Livro.

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