A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

22 A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em Perspectiva Histórica Em seus comentários, Rafael Marquese propõe o investimento em uma teoria dos tempos históricos que permita aos historiadores da escravidão transitarem pelos ritmos próprios dos processos históricos em questão e que traga ao proscênio as relações entre teoria e historiografia. Luiz Fernando Saraiva e Rita Almico, em texto conjunto, e Walter Luiz Pereira são os autores dos dois capítulos da segunda parte que receberam comentários de Renato Marcondes e Gabriel Aladrén. Dedicando-se ao tema da diversidade econômica e regional , os trabalhos criticaram a noção de arcaísmo e os limites que a mesma impõe à análise da sociedade e da economia luso-americanas nos séculos XVIII e XIX. No artigo Raízes escravas da indústria no Brasil , Rita Almico e Luiz Fernando Saraiva utilizam-se do conceito de segunda escravidão para proporem uma compreensão da economia brasileira no Oitocentos que destaque sua complementaridade e integração com o mercado mundial pela via da escravidão. Desta forma, além da região Centro-Sul, o Sul e o Nordeste do Brasil seriam economias regionais com culturas baseadas na mão de obra escrava, com desdobramentos para a urbanização, industrialização e modernização de serviços etc. O texto de Walter Luiz Pereira traz um estudo detalhado da região de Campos dos Goytacazes, aponta sua grande prosperidade econômica e tecnológica na segunda metade do século XIX e relaciona esse desenvolvimento com a segunda escravidão e a expansão do capitalismo no mundo. Os comentários de Renato Leite Marcondes e Gabriel Aladrén discutem a própria percepção de região dos autores e nos levam a pensar sobre como o processo de modernização da economia brasileira deitou raízes profundas na escravidão. A terceira parte do livro discute a Segunda Escravidão e o período colonial tardio. Em seu capítulo, Carlos Gabriel Guimarães busca pensar a economia setecentista e a inserção de negociantes ingleses no Império Colonial Português, através do caso dos negociantes ingleses Joseph e Ralph (ouRaphael ) Gulston, que atuaram na Cidade do Rio de Janeiro, no período de 1710 a 1720, mas mantiveram uma poderosa rede mercantil com negócios em Nova York, Lisboa, Ilha da Madeira, Costa da Mina e Angola. Já Carlos Leonardo Kelmer Mathias discute o conceito de segunda escravidão e sua eficiência para analisar as relações sociais de produção escravista à luz do sistema mercantilista. Essas colocações são comentadas por Rodrigo Goyena Soares, a partir de uma reapreciação do conceito de segunda escravidão à luz daCrítica da Razão Dialética , de Sartre. A quarta e última parte contém três artigos sobre Segunda Escravidão, Micro-História e Agência que refletem, cada um a sua maneira, acerca dos desafios e ganhos interpretativos do conceito de segunda es-

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