A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

21 Introdução Brasil e a Segunda Escravidão (antigo Vale do Paraíba e a segunda escravidão ) . Este último foi formado, em 2010, por pesquisadores, professores e alunos de graduação e pós-graduação da UNIRIO, MAST, UFF, USP, UNIFESP, UFJF e UFSC, e promoveu, além de seminários internos, diversas edições do simpósio temáticoO Vale do Paraíba, a Segunda Escravidão e a Civilização Imperial nos Encontros Regionais da Associação Nacional dos Historiadores (ANPUH), seção Rio de Janeiro, dos anos de 2012, 2014, 2016 e 2018 . Como resultado , foram publicadas a coletânea O Vale do Paraíba e o Império do Brasil nos quadros da Segunda Escravidão (Muaze; Salles, 2015) e, agora, o livro que o leitor tem em mãos, que consagra os 10 anos do grupo. Em abril de 2016, em uma reunião do grupo O Império do Brasil e a Segunda Escravidão , realizada em Vassouras, Rio de Janeiro, foi avaliada a importância de promover um evento não endógeno, almejando o amplo debate com historiadores não inteiramente familiarizados ou mesmo contrários ao conceito de segunda escravidão, mas que se dispusessem a discuti-lo no âmbito da historiografia brasileira. O evento, intitulado Segunda Escravidão: desafios e potencialidades , ocorreu em abril de 2017 e contou o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, que também patrocinou a publicação desta obra. O seminário foi organizado a partir de quatro eixos temáticos propositalmente escolhidos por serem pontos nevrálgicos do embate de opiniões interno e externo aos pesquisadores do grupo. Estes eixos agora nomeiam as quatro partes deste livro: segunda escravidão e capitalismo histórico em perspectiva atlântica; segunda escravidão e diversidade econômica e regional; segunda escravidão e período colonial tardio; e segunda escravidão, Micro-História e agência. A primeira traz o debate entre Ricardo Salles e Leonardo Marques, com comentários de Rafael Marquese, acerca das relações entre segunda escravidão e capitalismo. Ricardo Salles, utilizando-se do conceito gramsciano de bloco histórico, salienta a importância dos processos de construção do Estado nacional e da formação de classes dominantes escravistas nacionais para entendermos a segunda escravidão como um sistema próprio, ainda que integrado ao desenvolvimento do mercado internacional capitalista, que se tornou contraditório e antagônico ao desenvolvimento interno de relações sociais capitalistas. Leonardo Marques adota uma perspectiva global, na qual a segunda escravidão constituiria uma das múltiplas formas de trabalho que caracterizariam diferentes espaços de produção integrados no desenvolvimento do capitalismo global do século XIX, que transcenderia, assim, as fronteiras políticas nacionais.

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