A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

145 COMENTÁRIO SEGUNDA ESCRAVIDÃO, ESPAÇOS ECONÔMICOS E DIVERSIFICAÇÃO REGIONAL NO BRASIL IMPERIAL Gabriel Aladrén Este texto reúne algumas observações sobre a mirada renovada que o conceito de segunda escravidão oferece sobre a relação entre espaços econômicos, regiões e a economia-mundo, tendo como foco o Brasil no século XIX. Meu argumento enfatiza a importância de incorporar analiticamente a diversidade econômica e regional do Império brasileiro aos quadros conceituais da segunda escravidão. No final, comento os dois trabalhos que compõem esta seção do livro e trazem uma importante contribuição para o tema. Os debates estimulados pela introdução e a difusão do conceito de segunda escravidão no Brasil têm se traduzido em uma importante renovação historiográfica. Em primeiro lugar, há uma retomada de discussões teóricas e metodológicas nos estudos da escravidão, algo que costuma ocorrer sempre que um novo paradigma ganha adesão em um campo científico. Não se trata da necessidade de afirmação ou do desejo de estabelecer uma posição na sólida historiografia sobre a escravidão brasileira. Percebe-se claramente um retorno aos grandes problemas teóricos, tais como a relação entre estrutura, eventos e agência, a caracterização de sistemas, processos e rupturas, e as concepções sobre as dimensões do tempo e do espaço na história da escravidão. Naturalmente, essas reflexões estão presentes nos estudos atuais sobre a escravidão, mas muitas vezes elas perdem a centralidade em nossas pesquisas cotidianas sobre objetos específicos e ficam relegadas aos especialistas dos campos de Teoria da História e História da Historiografia. Portanto, me parece importante e salutar a combinação de pesquisas empíricas consistentes, um atributo da historiografia brasileira nas últimas décadas, com abordagens teóricas explicitamente articuladas, algo que os historiadores que dialogam com o conceito de segunda escravidão realizam com sofisticação. Um segundo ganho notável que a perspectiva da segunda escravidão oferece é o potencial engajamento nas discussões sobre o mundo

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