A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

143 Segunda escravidão e raízes escravas da modernização capitalista do Brasil A agenda de pesquisa proposta pode ser o início de uma discussão relevante sobre a economia brasileira no século XIX que permita superar as visões clássicas e incorporar os novos estudos e resultados mais recentes. Muitas das informações apresentadas pelos autores tratam do período final do século XIX e início do XX, dificultando a comparação com o período escravista. A concentração da indústria, bancos e patentes ocorreu nos grandes centros urbanos, enquanto a escravidão, ao seu final, centrou-se mais no meio rural. A criação de um grupo de pesquisa dedicado a essa agenda deve alavancar o debate e permitir novas contribuições e informações, principalmente até o final do Império. Walter Pereira – Campos na segunda metade do século XIX O autor destaca o município de Campos dos Goytacazes, que revelou uma grande prosperidade e a incorporação de inovações na segunda metade do século XIX. De modo oportuno, logo no início do texto, o autor ressalta que Campos faz parte da bacia do Rio Paraíba do Sul. 1 Todavia, a sua economia manteve um dinamismo menos atrelado ao café, que dominava o restante do Vale do Paraíba em meados do século XIX. Esse dado chama a atenção para a necessidade de analisarmos o conjunto da bacia, que compreende realidades fluminenses, mineiras e paulistas. A consideração da bacia do Paraíba é mais importante para o Rio de Janeiro, pois abarca mais da metade da área fluminense, enquanto menos de um décimo para os demais estados. Uma rede fluvial favorecia a circulação de pessoas e mercadorias na região do baixo Paraíba do Sul, interligada à capital fluminense, por cabotagem, e ao sul do Espírito Santo. O destaque do vínculo de Campos com as bacias do Itabapoana, na divisa com o Espírito Santo, e do Itapemirim pareceu-me exagerado, já que o comércio direcionava-se principalmente ao Porto do Rio de Janeiro. Apenas com a ferrovia, nas últimas décadas do século XIX, haveria um fluxo maior de mercadorias do sul do Espírito Santo, através da região de Campos, e depois até a capital fluminense. Os esforços de integração continuavam na primeira década republicana, principalmente por meio do escoamento da produção crescente de café. Assim, a centralidade de Campos encontrava-se mais bem configurada ao final do século XIX. Campos demonstra a importância da escravidão na oferta múltipla de commodities , especialmente açúcar e café. Na primeira metade 1 Macaé não faz parte da bacia do Rio Paraíba do Sul.

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