A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

135 Escravidão e capitalismo: dimensões de uma economia regional no século XIX estabelecer 11 agências para fiscalização de guias do café procedente de Minas Gerais, dentre as quais podemos identificar algumas delas em áreas de limites entre as duas províncias, prevalecendo a fronteira norte da província do Rio de Janeiro: Flores, Mar de Espanha, Muriaé, Pomba, Porto Novo do Cunha e Porto Velho do Cunha. 8 Ponto a ponto, Campos dos Goytacazes tornara-se uma cidade central às estratégias mercantis do norte fluminense, dos Sertões do Leste de Minas Gerais e do sul capixaba. A cadeia regional fazia crescer a imperiosa necessidade de conectar a cidade com o Atlântico, ou seja, fazer de Campos, porto do mar . Havia a aposta em um complexo intermodal amplo, que lançava fichas na melhoria das condições de navegação da barra do Rio Paraíba do Sul, em São João da Barra. Era preciso superar os obstáculos naturais para a utilização mais eficiente do porto, como corredeiras e ventos, além dos baixios de São Tomé, que dificultam o curso da navegação inicial com destino ao Rio de Janeiro (Penha, 2014, p. 524-544). A ideia seria tornar a entrada da barra acessível a embarcações de maior calado, que pudessem aportar ao cais do Porto de São João da Barra, colocando-o no roteiro da cabotagem nacional e, por extensão, em contato com os principais terminais portuários da Europa, Estados Unidos e da região do Rio da Prata. Se a demanda não fosse viável, havia a alternativa da construção de um porto marítimo, nas proximidades da vila sanjoanense, na localidade do Açu, no intuito de garantir uma conexão permanente e vital para o escoamento da produção regional, papel que seria, em parte, cumprido posteriormente pelas ferrovias. Ainda que tais problemas estruturais e logísticos não tenham sido superados, a Companhia União Campista e Fidelista, que detinha o privilégio da navegação fluvial entre Campos e São Fidelis, além dos vaporesCeres eGalgo , possuía, em 1863, 61 barcos de navegação conectando portos fluviais com o Atlântico. Cada barco transportava em média 72 toneladas de produtos por viagem. 9 Com todas as dificuldades expostas, o Porto de São João da Barra foi fundamental para o intercâmbio comercial antes das ferrovias entrarem em ação. Antes da operação da malha ferroviária por Campos dos Goytacazes, o Porto de São João da Barra recebeu, em três meses, ou seja, entre dezembro de 1865 a março de 1866, 3.637 toneladas de café, transportadas a partir de São Fidelis em embarcações a vapor ou a vela, pelo Rio 8 Almanak Laemmert, 1863. Províncias, p. 6. Disponível em: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/ div_periodicos/almanak/al1863 . Acesso em 27 mar. 2018. 9 Almanak Laemmert. 1863 Província, p. 176/177. Disponível em: http://objdigital.bn.br/acer vo_digital/div_periodicos/almanak/al1863 . Acesso em: 27 mar. 2018.

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