Os desafios jurídico-ambientais do uso de agrotóxicos

58 A problemática dos agrotóxicos em face ao direito como integridade proposto por... A complexidade ambiental inaugura uma nova reflexão sobre a natureza do ser, do saber e do conhecer, sobre a hibridação de conhecimentos na interdisciplinaridade; sobre o diálogo de saberes e a inserção da subjetividade, dos valores e dos interesses nas tomadas de decisão e nas estratégias de apropriação da natureza. Mas questiona também as formas pelas quais os valores permeiam o conhecimento do mundo, abrindo um espaço para o encontro entre o racional e o moral, entre a racionalidade formal e a racionalidade substantiva (LEFF, 2006, p. 195). Nessa seara de complexidade e pós-modernidade é que exsurgem diversos conflitos ambientais, notadamente em relação aos agrotóxicos, muito em razão dessa percepção individualista, economicista e que caminha para a tragédia. Assim, é vital compreender que os conflitos ambientais, para serem resolvidos, denotam um perceber que vai além dos pressupostos científicos tradicionais, é preciso entender os valores culturais e antropológicos, por exemplo. Nesse sentido, impõe-se que: Isso significa que os conflitos ambientais não serão resolvidos pelo poder científico da economia ou da ecologia, senão através de sentidos existenciais, de valores culturais e de estilos de desenvolvimento diferenciados, nos quais a exploração, a conservação ou o uso sustentável dos recursos dependem dos significados sociais atribuídos à natureza (LEFF, 2011, p. 318). O pensamento que reduz a sociedade à mercado e, por conseguinte, estabelece uma sociedade de mercado pode ser vislumbrado na Tragédia dos Comuns defendida por Garret Hardin que entende que o bem comum é escasso e para preservá-lo seria necessário a apropriação privada. Nesse caso a Tragédia dos Comuns pode ser verificada no seguinte posicionamento teórico: The tragedy of the commons develops in this way. Picture a pasture open to all. It is to be expected that each herdsman will try to keep as many cattle as possible on the commons. Such an arrangement may work reasonably satisfactorily for centuries because tribal wars, poaching, and disease keep the numbers of both man and beast well below the carrying capacity of the land. Finally, however, comes the day of reckoning, that is, the day when the long-desired goal of social stability becomes a re-

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