O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

88 O espelho quebrado da branquidade amplos limitadores de avanços de inclusão metodológica, pedagógica e, principalmente, científica. Para Morin (2006, p. 96), “a reforma do pensamento é de natureza não programática, mas paradigmática, porque concerne à nossa aptidão para organizar o conhecimento”. Autores como Mclaren (2000) contribuíram para o aprofundamento da visão e o método prático e dialógico de Freire, e auxilia para um entendimento melhor elaborado em relação a sua prática pedagógica. Além disso, juntam-se a demais autores aqueles que focam suas pesquisas e estudos sobre as oportunidades educacionais para os afrodescendentes de modo geral no país. Assevera o autor que o “trabalho e a vida de Freire inspiram um amor que é reservado àqueles revolucionários cujas vidas espelham a luta por justiça” (McLAREN, 2000, p. 57). Lembram-se aqui as razões pelas quais os ativistas dos movimentos negros brasileiros sempre lutaram e focaram seus objetivos e suas metas em prol da justiça educacional para a população negra. Conforme argumenta Ware (2004, p. 9), “[para] essas pessoas, a tarefa do antirracismo é expurgar da branquidade suas associações homicidas e suas inclinações dominadoras”. A educação era posta de forma dura e agressiva através de métodos teóricos tradicionalmente focados na visão epistemológica de autores que escreviam e negavam o sujeito como sujeito. As técnicas pedagógicas usadas eram apresentadas em forma de objetos, materiais de torturas e lavagem cerebral. Brandão25 afirma: Paulo Freire pensou que um método de educação construído em cima da ideia de um diálogo entre educador e educando, onde há sempre partes de cada um no outro, não poderia começar com o educador trazendo pronto, do seu mundo, do seu saber, o seu 25 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é método Paulo Freire. Editora brasilense. 15ª edição, São Paulo, 1989.

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