O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

82 O espelho quebrado da branquidade esses aprofundamentos complexos postos para a população indígena e para as populações negras, no que tange a sua cidadania das relações étnico-raciais. Conforme Freire (1996, p. 67), “não me venha com justificativas para explicar a superioridade da branquidade sobre a negritude [...]. Qualquer discriminação é imoral e lutar contra ela é um dever por mais que se reconheça a força dos condicionamentos a enfrentar”. Esse questionamento do autor contempla a visão que temos sobre a situação ampla e complexa desta realidade nos dias atuais, assim como também em relação às sistemáticas e os pressupostos apresentados nas cinco vias abordadas anteriormente referentes à população afrodescendente. O problema que apresentamos nesta contextualização se articula diretamente com as preocupações dos autores discutidos. Seguindo a ousadia e coragem das referências teóricas escolhidas, reafirmamos nossa pergunta nesta elaboração teórica: Quais os sinais concretos e visíveis que mostram que as universidades estão efetivamente empenhadas em contribuir para ajudar a reverter (“des-torcer”) a “ordem social” historicamente pervertida? Conforme Bahia: O século 18 se caracteriza socialmente pela presença de mestiços, notadamente mulatos, no ofício das artes o que representava um caminho de afirmação profissional e de ascensão social para eles, uma vez que a sociedade não previa o seu aparecimento e tão pouco a sua inserção no meio. Aos negros eram destinados os trabalhos dos eitos e das lavras; aos brancos era vedado, por questão de “status” social, qualquer trabalho exercido com as mãos, exceto escrever, atividade considerada como intelectual e proibida aos demais. (BAHIA, 2004, p. 57)

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