O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

72 O espelho quebrado da branquidade típicas da perspectiva nacional desenvolvimentista. (LAHUERTA, 1999, p. 54).22 Isto está muito evidenciado em seu posicionamento teórico já manifesto nas pesquisas iniciais sobre a questão racial. Ao examinar as interrogações deste sociólogo crítico já em sua atuação na década de 1950 e também, depois, durante a ditadura militar, períodos de autonegação das culturas e grupos excluídos e marginalizados, avaliamos a radical grandeza de sua opção ética. Para Florestan Fernandes, no Sul do Brasil e mais propriamente no RS, foi onde ocorreu, um maior contingente de exclusão destas culturas sendo discriminadas como não fazendo parte das pesquisas e análises científicas nas importantes universidades e escolas do sistema educacional, e, sobretudo nas academias em geral. Fernandes (1972, p. 89) argumenta que os sujeitos dessas culturas “não conheciam nem podiam pôr em prática nenhuma das formas sociais de vida organizada, de que desfrutavam os brancos normalmente”. Isto incluía a família e os tipos de cooperação ou de solidariedade que ela reproduzia e condicionava socialmente. Na região Sul do Brasil, em que a colonização implantou o seu apogeu de dominação, a população afrodescendente parece não ter conseguido obter as mesmas chances e demonstra nem ter participado dos avanços históricos, apesar das suas contribuições fundamentais dadas no contexto social e econômico, principalmente no que se focou nas charquedas gaúchas desta região. Dentre essas e outras discussões, voltamos nossa atenção não apenas para o mito da democracia racial, mas também por toda situação gerada em torno da organização da ordem social brasileira. Neste sentido, afirma Fernandes: O Brasil que resultou da longa elaboração da sociedade colonial não é um produto nem da 22 LAHUERTA, M. Intelectuais e transição: entre a política e a profissão. 1999. 271 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) - Departamento de Ciência Política, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz