O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 69 O “dilema educacional” também expressa (...) uma ambiguidade do sistema societário brasileiro que oficialmente se diz democrático e postula a educação como sendo um mecanismo de ascensão e inclusão social, mas que, de fato, mostra-se seletivo e pouco atraente para os já desprivilegiados (negros, pobres, mulheres e outras minorias). (FREITAG, 2005, p. 235) Na “real realidade” da população negra, muitas situações de escravidão explícita mudaram com certeza; ou talvez possam ter obtido uma mudança na sofisticação ideológica. Centrandose numa reflexão ideológica, ou numa visão ampliada a partir dos teóricos como Florestan Fernandes (1978) e, também, Guerreiro Ramos e Octavio Ianni, as mudanças obtidas demonstram que o que era explícito, agora se transformou numa situação velada em toda sociedade brasileira e, principalmente, na região sulina, onde se localizou a pesquisa para a nossa tese. Nesta “real realidade”, ou seja, em qualquer realidade das etnias que foram excluídas dos principais acessos como o da educação, moradia e situação econômica ou seus próprios direitos, nada está pronto ou acabado dentro dessas realidades complexas. Os movimentos são constantes na busca pela mudança, em especial, centrando-se no combate ao preconceito e à discriminação racial e social nos diversos níveis de inclusão no meio educacional e profissional. Talvez sejam estas implicações que também estejam imbricadas na forma de tratar ou analisar os profissionais de culturas diferentes, como os afrodescendentes ou mesmo aqueles que são de fato ativistas dos movimentos sociais populares. A academia é prisioneira de vícios, e as mudanças de paradigma sociais e educacionais deslocaram apenas os lugares das várias áreas de conhecimento, mas não puderam mudar as formas tradicionais imperiosas e hierarquizadas dos diversos saberes constituídos institucionalmente nas sombras dos gabinetes fechados. Como

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