O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

48 O espelho quebrado da branquidade pensar, o que deve valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer. Ela é, portanto, um corpo explicativo (representações) e prático (normas, regras, preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador, cuja função é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das divisões na esfera da produção. (CHAUÍ, 1981, p. 113114) Este pensamento de Chauí (1981) se relaciona com o que Karl Marx e Engels apresentam em A Ideologia Alemã. Colide, no entanto, com a vertente marxista que resgata a superestrutura como espaço de contradição, de luta e de processamento da história. Em Gramsci (1978), a ideia de “ideologias orgânicas” está ligada à de “intelectuais orgânicos”, os quais possuem um papel importante no sentido de pensarem e mediarem os conhecimentos entre aqueles que não possuem os mesmos alcances e condições de elaboração intelectual. Para Gramsci: Os intelectuais orgânicos constituem-se no pensar a serviço dos interesses objetivos das classes; as ideologias orgânicas são conjuntos de ideias, valores, normas organizadas estratégico-politicamente em função dos interesses objetivos das classes (consciência de classes). (GRAMSCI, 1978, p. 8) Inspiramo-nos no uso que Follmann (1985, p. 25) fez do conceito de ideologia, enquanto ideologia orgânica, que aparece como necessária para a sociedade manter-se em sua ordem, por mais perversa que esta ordem seja. A ideologia orgânica da elite

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