O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 29 mento governamental, em vista de políticas afirmativas urgentes e necessárias. Tanto a retomada dos cientistas que debateram e aprofundaram as teorias sociais raciais, e o conhecimento do contexto do final do século XIX e o início do século XX, que forneceram importantes contribuições no amadurecimento teórico, como todo o debate dentro do processo de construção das novas referências legais, que enfatizam a educação das relações étnico-raciais e do Estatuto da Igualdade Racial, constituem chão de referências, constatações e interrogações para o debate aqui desenvolvido. Tudo foi importante apoio para a compreensão e entendimento sobre as implicações da branquitude e/ou branquidade em relação à inclusão e participação dos afrodescendentes na sociedade e no sistema de ensino em todos os níveis educacionais do país. A luta intelectual e científica que se trava, hoje, tem raízes históricas antigas e vem de longe. Os cientistas travaram luta intelectual e científica, no sentido de marcar perpetuamente algumas raças como inferiores, contribuindo muitas vezes para a formulação de “justificações” para o extermínio e exclusão daquelas que os mesmos consideravam inferiores. Os seus resultados teóricos e ideológicos causaram morte cultural e identitária. No que tange às teorias raciais, por exemplo, são evidenciados determinados autores, enquanto outros, com posicionamentos diferenciados são silenciados. Os que mais são repetidos e salientados são os autores racistas, que tem como principal o próprio Gobineau. São autores portadores de perspectivas extremamente autoritárias e racistas em sua época, e disseminaram suas visões de pensadores e cientistas. Uma ciência que tratou dos estudos e pesquisas traçando o rumo das mais importantes teorias sociais raciais como um instrumento de exclusão e opressão a qual atravessou todos os conhecimentos e mesmo se sobrepôs às mudanças paradigmáticas. Gobineau foi o “grande arauto do racismo biológico” e ele afirmava que as causas dos conflitos são provocadas pela

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