O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 27 dentes foram jogados à própria sorte, destinados a enfrentar o mundo social e, principalmente, educacional, privilégios criados e legados apenas para os de origem europeia, numa postura de descarte das outras origens étnicas, manifestando um mundo de total irresponsabilidade, discriminação, opressão e exclusão. Com o quadro assim desenhado, a lei 10639/2003 e o Parecer/CNE/2004 recobram um sentido vigoroso que perpassa séculos. É tremendamente oportuna a retomada contextual segura e coerente e o debate teórico que lhe é inerente. No presente texto são pincelados alguns aspectos considerados chaves nesta retomada. No mundo da violência simbólica, as próprias estatísticas, repetidas com muita voracidade nos meios de comunicação, acabam reforçando preconceitos e discriminações. Até esse momento, ainda não achamos um ponto mais focado para se falar em dados estatísticos, dos órgãos responsáveis pelos dados numéricos que estão sempre na mídia e na sociedade como um todo, mostrando os índices de rebaixamentos da população afrodescendentes em todos os níveis como: escolas, ensino superior, mercado de trabalho, participação nos grupos de pensadores e formadores de opinião. Diante disso, as percepções registradas no processo de pesquisa têm nos apresentado que as estatísticas, realizadas pelos órgãos dos mais diferentes setores, não têm nos encantado e nem nos causado nenhuma reação mais significativa, além do que está nas grades numéricas das estatísticas apresentadas por todo Brasil, em relação à baixa representação social da população negra em todos os níveis. As repetições das estatísticas parecem ser estratégicas para escamotear outras evidências muito mais concretas e cuidadosamente ocultadas por cientistas, que sempre estão prontos para dar continuidade aos ocultismos nos métodos científicos manipuladores das verdadeiras e “reais realidades” que batem a cada momento nas portas das academias.

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