O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

142 O espelho quebrado da branquidade Concluímos este trabalho com a sensação feliz de um longo e ardoroso caminho andado e a alegria de poder dizer que valeu a pena porque o aprendizado foi imenso e os frutos a colher certamente serão abundantes, independentemente de quem os colha. Concluímos com a certeza de que a própria branquidade - e mesmo a branquitude - logo vão perceber que o Brasil é étnico-racial e se faz necessário dar passos para se reconhecer e reconhecer que os afrodescendentes e indígenas fazem diretamente parte dessa ordem estrutural racial até mesmo antes da sua construção ou elaboração. Será que a branquidade e a branquitude irão se levantar do “berço esplêndido” e do seu conforto étnico-único, para compartilhar com as demais etnias que também compõem este cenário nacional brasileiro, sobretudo, com os afrodescendentes e indígenas que foram deixados à própria sorte? Ainda existe um clima de muita repressão velada. Um ilustrativo depoimento de aluno afrodescendente após receber uma brincadeira racista de um professor de origem europeia em sala de aula e, posteriormente, alertado por um amigo pode auxiliar nesta discussão: O jovem afrodescendente respondeu: - Eu podia falar alguma coisa, mas ainda tenho aula com este professor e se ele lá na sala de aula, ficar me perseguindo? - O jeito é aguentar calado! As experiências e as falas no cotidiano, sobretudo, nos projetos sociais, mostram que é preciso acelerar o trabalho de consciência e flexibilidade dos gestores, coordenadores e, sobretudo, dos que tem a incumbência de disseminar as discussões voltadas para a educação das relações étnico-raciais e a efetivação da Lei 10639/03. É preciso rever as posturas e formas pedagógicas capazes de respeitar e valorizar as metodologias e práticas teóricas que assegurem a inclusão de fato da população negra nos ambientes educacionais e, sobretudo na sociedade. Acreditamos que um honesto retorno aos autores aqui refletidos, possa auxiliar as academias a contextualizar melhor a sua missão dentro do país, cujo processo de identidade é pluri- -étnico-racial.

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