O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 139 quidade foram apresentados como enfraquecidos, ou seja, as novas gerações desses grupos estão surgindo dentro de uma visão cultural mais plural. A branquidade está mesclada com uma relativa presença da branquitude, ou seja, brancos que são grandes aliados nas organizações afrodescendentes, que assumem junto à Festa do Rosário, as atividades do Movimento Negro, e que contribuem na participação ativa junto dos sujeitos negros. Embora trazendo ainda dentro de si a problemática do racismo. Isto chega a estar bem expresso por um padre. Nós temos a lei 10639/03, que inclui os negros nas universidades e nas escolas. Na realidade, não havia necessidade de lei para se incluir os seres humanos, mas no Brasil o racismo está presente em todos os lugares, até mesmo nas igrejas. Vejam quantos negros participam da comunidade? Eles são valorizados? Então, por isso a importância da lei 10639/03 e que seja uma lei concreta e que não seja como as demais leis no Brasil; é o País que mais faz leis e o que menos cumpre, ou seja, não cumprem nada para os povos excluídos. (Sermão manifesto no dia 26 de julho de 2000, Pe. H.). Na região do Vale dos Sinos, devem ser considerados outros aspectos neste sentido. Existem tentativas interessantes, ainda muito frágeis, que necessitam de muitos avanços e crescimento na aceitação e reconhecimento dos afrodescendentes, tanto na região do Vale do Rio dos Sinos, quanto nos poderes públicos locais. Isso também se aplica à Universidade, onde já existe considerável avanço na implementação da Educação das Relações Étnico-raciais e das leis, porém os afrodescendentes, no interior da universidade, continuam sob forte engessamento diante do desconhecimento dos seus gestores em relação à história de exclusão no âmbito do estado do RS. Nesta realidade as entrevistas contribuem para nossa compreensão: Muitas coisas eu não sabia; nem de minha verdadeira história. As formas do racismo na cidade de São Leopoldo... eu estava tão acostumada a ser discriminada que já não dava mais bola. O negro de São Leopoldo já está calejado e não luta por uma sociedade melhor; está abafado sobre o domínio da população alemã que o discrimina e o separa de tudo. Passei anos tentando trabalhar no shopping [local] (lojas, butique, escritórios

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