A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

194 A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em Perspectiva Histórica companhia inglesa resgatar em Lisboa”. 45 As ditas letras só seriam válidas com a assinatura de Bound, 46 e, para os pagamentos das mesmas, teriam que ser sacadas sobre Joseph Gulston & Cia., em Lisboa47 , ou seja, a firma dos Gulston era a responsável pela aceitação e o pagamento das letras. No tocante à presença da Royal African Company, pudemos supor que os Gulston tinham reconhecimento junto à companhia inglesa na City de Londres, além do fato de que Ralph Gulston esteve em Barbados, um centro do comércio de escravos importante da companhia (Nash, 2005, p. 95-151). Considerações finais provisórias Ana Crespo Solana (2010), nos seus trabalhos sobre as atividades mercantis flamengas na Espanha, ressaltou a importância das redes e das comunidades nacionais e transnacionais na atividade mercantil, particularmente em momentos de conflito. Segundo a autora, “la nacion, como categoria histórica, servia como habitáculo para la expansion de estas redes, y proponiamos la hipótesis de que la nación, como tal categoria histórica era entendida como uma versión más o menos ampliada del clan familiar” (Solana, 2010, p. 50; Solana, 2007, p. 13-85). Ainda no tocante aos privilégios, Crespo Solana destacou que a comunidade mercantil flamenga tinha, desde naturalização especial concedida pelo monarca espanhol, até um foro de justiça especial, os “fueros de conservaduria”, ou seja, as mesmas conservatórias adquiridas pelos ingleses junto aos portugueses. No seu entendimento, esse foro de justiça “creó una superestructura institucional que amparaba a la vez que pretendia vigilar a los mercaderes extranjeros y que se convertió em um hecho de transcendência política” (Solana, 2007, p. 58). Embora as pesquisas nos arquivos ainda estejam no início, podemos afirmar que a rede de sociabilidade dos Gulston, rede trans e extra-imperiais (Pesavento, 2009; Prado 2012, p. 168-184), e os privilégios diplomáticos concedidos à nação inglesa foram fundamentais não somente para que os referidos irmãos realizassem suas atividades 45 BRASIL. Arquivo Nacional (Rio de Janeiro). Cartório do Segundo Ofício de Notas , 5E, L.17, f. 93. (Sampaio, 2001, p. 91-92). 46 BRASIL. Arquivo Nacional (Rio de Janeiro). Cartório do Segundo Ofício de Notas , 5E, L.17, f. 94. 47 BRASIL. Arquivo Nacional (Rio de Janeiro). Cartório do Segundo Ofício de Notas , 5E, L.17, f. 94. ( Sampaio, 2001, p. 92).

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