A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

188 A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em Perspectiva Histórica Milner & Danby33 e para Guilherme Earle34 . Nessa correspondência, os irmãos destacavam o resumo de tudo o que fora vendido no Rio de Janeiro até aquele momento, o caixa (sobra) e o que fazer com produtos como ferro e pólvora. Nas mesmas cartas, chamou atenção o fato de que, não havendo demanda da mercadoria pólvora no Rio de Janeiro, a proposta dos irmãos era vender “afiado” para Angola, podendo ser utilizada para a compra de escravos, juntamente com a jeribita e armas (Miller, 1988; Acioli, Menz, 2008, 43-73). Interessante contatar que, diferentemente das demais cartas, nas quais constava somente o nome de Ralph, nessas apareceram os nomes dos dois, o que levantou a possibilidade da presença de Joseph no Rio de Janeiro. Dizia a carta: Pela frota deste ano não recebemos carta geral de VM., mas pelas particulares de cada um vemos ficarem VM. entregues das remeças que fizemos a frota passada a conta da carregação que recebemos pelo Pataxo Monte do Carmo m. te (comandante) Custodio dos Reis, das remeças que agora fazemos a mesma conta vão conhecimento com as cartas particulares que nesta ocasião escrevemos a cada um de VM. e nesta só remetemos o resumo de tudo que temos vendido até o presente da carregação que importa 12.407.480 (12:407$480) como VM. Verão da dita conta e abatidos os fretes e mais gastos resta liq. do 8.872.650 (8:872$650) a cuja conta temo remetido 7.600.240 (7:600$240) com que resta agora em caixa um conto e duzentos e setenta e dois mil e quatrocentos e seis reis (1:272$406) da dita quantia fazemos agora remessa pela nau de guerra N. Senhora da Piedade a cada uma troca parte que importa 424.135 (424$135). O resto do ferro fomos vendendo a 5$ quintal e 4.800 mas muito devagar por haver tanto na terra e tão pouco gasto com tudo como não é gênero que apodreça mais dia menos dia sempre se vendera, mas a pólvora não sabemos na verdade o que havemos de fazer com ela porque esta dada na maior droga que é possível nesta terra que VM. vejam o que ordenam com ela caso que cá não tenha saída se quer que a vendamos fiada para Angola a alguns 33 Luis Lisante destacou que Terence Milner, “comerciante em Lisboa, teve negócios com Francisco Pinheiro. Uma Carta Régia de 10/08/1725, concedeu-lhe moratória de 4 anos, visto que seus credores o tinham abonado”. NC , v. I, . CXXXVII. 34 Guilherme Earle era sobrinho do cônsul geral inglês em Lisboa João Earle, e Cudsden era João Cudsden.

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