A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

176 A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em Perspectiva Histórica Diante da crescente pressão portuguesa contra a presença de negociantes de outras nações no interior do Império, em 1720, os Gulston retornaram de vez para a Europa, primeiro para Lisboa e, depois, para Londres, desfrutando da riqueza e prestígio acumulados no Brasil e Portugal. Por conta do êxito em seus negócios no Rio de Janeiro, Joseph Gulston recebeu o apelido na City de Londres de Joseph the RioGulston. Mais do que pejorativo, tal sobrenome ressaltou a importância simbólica da praça do Rio de Janeiro para o prestígio desse negociante e da sua família. A presença inglesa no Rio de Janeiro daBrazilian Golden Age A descoberta do ouro em Minas bem como a assinatura do Tratado de Methuen em 1703 constituíram-se nos fatores político e econômico que historiadores de diferentes perspectivas historiográficas ressaltaram como animadores para a maior presença de negociantes ingleses no Império Português, mais particularmente no Estado do Brasil da primeira metade do século XVIII (Boxer, 1969a; Boxer, 1969b; Fisher, 1963). No entanto, através de novas perspectivas teóricas e metodológicas, bem como nas fontes primárias utilizadas, diversos autores analisaram a relação comercial dos reinos de Portugal e Inglaterra no contexto da economia e da diplomacia internacionais da época. A partir dessa relação, os sucessos ou fracassos econômicos e políticos no Setecentos, sejam do Império Inglês (Hopkins, 1986; Hopkins, 1988; Porter, 1990; Hancock, 1995; Bowen, 1996; Akita, 2002), sejam do Império Português (Boxer, 1981; Mauro, 1991; Almeida, 1995; Magalhães, 2005; Bicalho, 2007; Silva, 2007), ganharam novas abordagens, tais como a de Evaldo Cabral de Mello (1988), que concebeu o tratado de Methuen como o último celebrado por Portugal, de uma série iniciada em 1654 com a Inglaterra. Outras análises, a partir da economia política internacional, relacionaram o Tratado de Methuen com tratados do ano de 1703, enfatizando a relação portuguesa de “dependência e subordinação” aos ingleses (Sideri, 1978; Castro, 1978; Pereira, 1979; Rossini, 2009; Batista, 2014; Cardoso, 2003a; Cardoso 2003b). Embora a presença de comerciantes estrangeiros no comércio legal e ilegal (contrabando) no Império Português fosse comum, ainda mais no período da União Ibérica, com a pressão de ingleses, franceses e holandeses (Províncias Unidas) no Atlântico e no Índico Português, agora

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz