A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

141 COMENTÁRIO SEGUNDA ESCRAVIDÃO E RAÍZES ESCRAVAS DA MODERNIZAÇÃO CAPITALISTA DO BRASIL Renato Leite Marcondes A segunda escravidão procura avançar o entendimento da plantation escravista na economia-mundo do século XIX, reunindo estudos acerca das cadeias de commodities e dos escravos. As mudanças institucionais e tecnológicas modernizaram a economia, que se reforçava em bases escravistas. A redução dos preços das commodities , favorecida pela expansão da produção baseada na escravidão, acelerou o crescimento britânico. O trabalho escravo em países independentes contribuiu largamente para a expansão britânica e a disseminação do capitalismo industrial. Para o Brasil, o reformismo ilustrado pombalino propiciou, em momento posterior, o renascimento agrícola colonial do final do século XVIII. A chegada da corte em 1808 ampliou as possibilidades de expansão econômica. Mais tarde, o país resistiu à pressão inglesa, como a continuidade do tráfico na ilegalidade. Havia quase um consenso interno em favor da manutenção do tráfico. Após 1831, houve uma retração do comércio ilegal, que, no entanto, foi retomado, em 1835, com a centralização monárquica. A escravidão deixou de ser colonial para se constituir em peça-chave da economia nacional. A proposta de pesquisa de Luiz Fernando Saraiva e Rita Almico estuda a persistência da escravidão para além do Sudeste, não se restringindo às informações demográficas dos escravos. Osoutros complexosnão cafeeiros devem ser analisados por meio dos desdobramentos do tráfico e da presença de uma população cativa expressiva até o final do Império. Saraiva e Almico pretendem encontrar as raízes escravas do processo de modernização da economia brasileira no século XIX, que poderia ser denominado de umamodernização conservadora . As economias mercantis escravistas regionais constituem a agenda de pesquisa proposta. Algumas questões podem ser levantadas para a discussão, que deve ser pautada também pela análise do desenvolvimento econômico

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