A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

133 Escravidão e capitalismo: dimensões de uma economia regional no século XIX inaugurada por Francisco Portella. Os produtos expostos, de fabricação local, estavam organizados em seções distintas, a saber: “Indústria Agrícola e Produtos Naturais”, “Indústria Fabril e Manual”, “Artes Mecânicas, Liberais e Belas Artes” e “Zoologia, Mineralogia e Horticultura”. Expositores foram agraciados com medalhas de ouro (6); prata (29) e menção honrosa (54). Dentre os produtos que receberam premiação, podemos citar: açúcar, café, chá, álcool, sabão, couros, arados, algodão, cravo da Índia, goiabada, fármacos, tijolos, manilhas, tintas, tornos, prensas, funilarias, cal, artefatos de zinco, facões e navalhas, sapatos, colchões, freios de ferro, tornos, tipógrafos, projetos para máquinas destinadas a engenhos, trabalhos fotográficos, quadros a óleo, aquarelas, colchas e toalhas. 7 Nesse aspecto, a exposição evidenciava a diversidade de produtos cultivados e manufaturados naquela praça. Limites transpostos A integração entre espaços regionais encontrou eco nas províncias vizinhas. Marcelo Godoy e Lidiane Barbosa (2008, p. 159-186), ao analisarem a modernização dos transportes em Minas Gerais, no último quartel do século XIX, perceberam a importância das obras de infraestrutura no processo de formação do mercado interno capitalista, no Brasil. Segundo os autores, as articulações entre mercados, principalmente, no Sudeste, serviram para quebrar o isolamento geográfico dos mercados regionais, reduzir custos de transportes e comunicações, dinamizar a circulação de pessoas e mercadorias, e universalizar a circulação de informações. Dessa forma, as redes de transportes levavam a economia de um padrão tradicional para um sistema integrado. Godoy e Barbosa perceberam as demandas por obras públicas na Província de Minas Gerais, ao identificarem as principais obras de conexão regional, inter-regional e interprovincial, com centralidade na Zona da Mata mineira. No caso de Minas Gerais, o objetivo central, além de integrar-se, era chegar ao mar, o que coincidia com o interesse reverso da Província do Rio de Janeiro, em adentrar terras alterosas em busca de mercadorias. A retomada dos planos de obras públicas, apresentada pela província mediterrânea, em 1864, consagrava a integração entre mercados regionais a partir de eixos Mar de Espanha – Leopoldina – Ouro Preto; e Porto Novo do Cunha – Barbacena – Rio das Velhas, em conexão não apenas com o Rio de Janeiro, mas com Campos dos Goytacazes. 7 Monitor Campista . Edições entre agosto /outubro de 1871. Acervo do APMCG.

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