A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

121 ESCRAVIDÃO E CAPITALISMO: DIMENSÕES DE UMA ECONOMIA REGIONAL NO SÉCULO XIX Walter Luiz C. de M. Pereira O capítulo investe no dinamismo econômico em Campos dos Goytacazes, na segunda metade do século XIX, marcado por uma centralidade regional que transpõe as margens do Rio Paraíba do Sul. É preciso ampliar tais fronteiras para comportar as dimensões de um circuito integrado que se projete na ideia de uma Bacia do Paraíba , utilizando a expressão cunhada a partir dos encontros do grupo de pesquisaO Vale do Paraíba e a Segunda Escravidão . Vilma Paraíso Almada (1984), ao tratar aspectos conjunturais do sul do Espírito Santo, para o mesmo período, tomava a região da província capixaba como uma periferia do Vale do Paraíba. Paulo Mercadante (1978), ao mapear os Sertões do Leste , em Minas Gerais, e seus vínculos com a ampla bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, riscada por afluentes e subafluentes, foi instado a também ampliar suas margens. Portanto, tratamos aqui de um recorte regional que cobre contornos já explorados por uma historiografia clássica, ao delinear uma cartografia que incorpora a seus propósitos o norte da Província do Rio de Janeiro, mais precisamente Campos dos Goytacazes e suas freguesias, além de outros municípios da região, entre os quais Cantagalo, São Fidelis, São João da Barra e Macaé, território que superava a terça parte da província fluminense. Logo, o alcance desse amplo arco circunscrito aoVale cobria a Província de Minas Gerais e sua Zona da Mata, ou os Sertões do Leste, e adentrava, em outra frente, os limites ao sul da Província do Espírito Santo, mais precisamente o extenso Município de Itapemirim, recortado por uma longa faixa litorânea e por um altiplano onde o café prosperou rapidamente a partir de meados do século XIX. A cartografia do Vale estende-se pela paisagem plural e diversa. Nesse aspecto, operamos uma região que foge aos limites demarcados pelos atlas da Geografia Política, ao entrelaçar interesses mercantis desde o século XVIII, seja com a criação de gado e o cultivo do açúcar, seja, posteriormente, no século XIX, pela manutenção da produção açucareira, pela extensão dos cafezais e pelos mais diversos produ-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz