A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica

109 Raízes escravas da indústria no Brasil no Brasil. Ao adotar os conceitos de “ produto básico” e “efeitos de encadeamento”, de Whatkins e Alfred O. Hirschmann, afirma que: “A hipótese de trabalho deste estudo é a de que o desenvolvimento industrial no Brasil no século XIX pode ser explicado como um resultado do crescimento da produção industrial induzido pela expansão do setor exportador” (Suzigan, p. 75). Aqui, quase automaticamente se colocam as seguintes perguntas: de qual(is) setor(es) exportador(es) estamos falando? E, mais importante ainda, qual era a principal forma de trabalho deste(s) setor(es) e a influência que essa mão de obra terá no desenvolvimento dessa indústria? A resposta pode ser que a diversidade regional e o trabalho escravo generalizado pelo país no período praticamente impõem a agenda de pesquisas que estamos propondo. Outro estudo que adquire bastante relevância para esta agenda e que inspirou parte deste capítulo é o já citado Raízes da concentração industrial em São Paulo , do professor Wilson Cano. A obra, como o próprio título sugere, busca entender as razões da superioridade paulista no processo de industrialização do país no século XX, a partir da análise de como o complexo agroexportador das novas regiões cafeeiras paulistas – notadamente o novo oeste paulista – promoveram este arranque. Paradoxalmente, no entanto, é a generalização da ideia do complexo agroexportador para as outras regiões do país, sem o signo da falta ou incompletude, visto pelo autor, que podem nos ajudar a estudar a diversidade regional do Brasil no século XIX. Segundo Wilson Cano, todo o complexo agroexportador promove uma série de encadeamentos (ou steps ) a partir do produto principal (café, algodão, cacau, fumo, borracha etc.), que podemos definir com certa liberdade em relação ao esquema proposto pelo autor, como: 1) produção de alimentos para abastecer os envolvidos na atividade principal; 2) modernização dos sistemas de beneficiamento, produção e acondicionamento do produto principal, como a fabricação de máquinas e outros artigos; 3) modernização dos sistemas de transportes e armazenamento para reduzir os custos; 4) desenvolvimento comercial e financeiro para montar, expandir e abastecer as unidades produtoras; 5) crescimento do(s) núcleo(s) urbano(s) que centraliza(m) atividades ligadas ao produto principal, e 6) políticas públicas locais, provinciais/estaduais e imperial/federal de estímulo à produção. Além disso, o autor chama atenção para o fato de que especificidades locais podem incentivar ou obstaculizar o desenvolvimento dos complexos, impondo pesquisas com olhares mais particulares e verticais. Tais estudos invademo campo da teoria e, de certa maneira, obrigam a algumas revisões sobre a economia brasileira do período. Talvez,

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