Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Adevanir Aparecida Pinheiro, Maria Nilza da Silva e José Ivo Follmann 120 Entendemos que o depoimento deste aluno de uma das turmas de “Educação das Relações Étnico-Raciais e Culturais para a Educação Básica”, nos cursos de Pedagogia e Licenciaturas da Unisinos, pudesse ser a referência mais mobilizadora de nossas mentes no início deste artigo. O texto que escrevemos tem como objetivo retomar a discussão das temáticas relativas à “descolonização das mentes” e ao “combate ao racismo”, focando a consciência do “ser branco”. O título é autoexplicativo: “Deco- lonialidade e Contrarracismo: o ser branco no horizonte da descolonização das mentes”. 4 O tema em debate é amplamente oportuno no momento presente. O momento atual brasileiro e toda situação de desmonte de políticas públicas e esvaziamento de conquistas da sociedade que pareciam consagradas, coloca em questão importantes paradigmas teóricos e ideológicos. Queremos nos associar às preocupações de diversos pensadores e pensadoras, do presente e do passado que, de formas diferentes, vieram e vêm lançando iluminações teóricas libertárias neste contexto fértil da nossa América Latina, que cada vez mais vem sendo destruída, de diversas formas, por uma política conser- vadora que, de uma forma perversa, reacende práticas de colonização, de racismo, de desvalorização e não reconhecimento de culturas diversas do colonizador europeu, branco. O artigo está focado particularmente na necessidade de olhar para o “ser branco” no contexto da decolonialidade e do contrarracismo, dentro da sociedade brasileira em geral e no contexto das universidades e escolas em particular. Os conhecimentos científicos e as práticas pedagógicas educacio- nais descolonizadoras vêm sendo novamente silenciadas dentro de institui- ções de ensino. São mentes de sujeitos que despertaram, que são silenciadas dentro das sutilidades dos meandros institucionais do racismo perverso e invisível. Mais uma vez vivemos um recrudescimento de práticas de injus- tiça velada, assistida por um país embalado por mais de um século no mito da “democracia racial”. Neste sentido, entendemos que, mais uma vez, o melhor início é es- tarmos atentos ao impacto gerado por aulas sobre as políticas de branquea- mento, na mente de alunos brancos: “Bom, eu nunca tinha ouvido falar na política de branqueamento e agora me dou conta que ser branco no Brasil, é muito mais, além de 4 Dentro do contexto da presente obra, o texto visa ser uma contribuição indireta e complemen- tar no aprofundamento dos diálogos sobre ecologia integral e a reflexão sociológica decorrente.

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