Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

23 ECOLOGIA INTEGRAL: UM NOVO PARADIGMA Sinivaldo Silva Tavares 1 Introdução : seria redundante falar em “Ecologia integral”? Pode parecer redundante, à primeira vista, falar em “Ecologia inte- gral”, uma vez que o termo “ecologia”, compreendido a partir dos étimos que o compõem ( oíkos + lógos ), remete-nos a princípios que regem uma convivência harmônica no seio da casa comum . E daí a conclusão óbvia de que a integralidade se torna condição imprescindível para que se possa falar em Ecologia. Como é noto, “ecologia” constitui um neologismo criado pelo biólogo alemão Ernst Häckel que, em sua obra Generelle Morphologie der Organismen , publicada em 1866, escreve: Por ecologia entendemos a ciência do relacionamento dos organismos com o mundo exterior, em que podemos reconhecer de uma maneira ampla os fatores da luta pela existência. […] às condições de existência de natureza inorgânica a que cada organismo deve submeter-se, per- tencem, em primeiro lugar, as características físicas e químicas do ha- bitat , o clima (luz, temperatura, umidade e letrização da atmosfera), a qualidade da água, a natureza do solo etc. Sob o nome de condições de existência compreenderemos o conjunto de relações dos organismos entre si, relações favoráveis ou desfavoráveis (HÄCKEL, 1866 apud KERBER, 2006, p. 71). Salta à vista, portanto, a eleição da relação como fio que une como em uma teia a complexidade dos organismos entre si. Inscrita na própria defini- ção de ecologia – “ciência do relacionamento dos organismos com o mundo exterior” –, a noção de relação também é intrínseca à própria concepção das “condições da existência” da relação entre organismos e natureza inorgânica, a saber: “conjunto de relações dos organismos entre si”. 1 Teólogo. Doutor e Pós-doutor em Teologia Sistemática. Professor da Faculdade Jesuíta de Filo- sofia e Teologia, FAJE, Belo Horizonte. Membro do quadro de professores e pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Teologia, FAJE. Frei Franciscano. DOI: https://doi.org/10.29327/523967.1-2

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