Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 1

131 PAUTANDO TOMADAS DE DECISÃO EM EMPREENDIMENTOS ENERGÉTICOS: REFLEXÃO FILOSÓFICA A PARTIR DE HANS JONAS Joelson de Campos Maciel 1 Introdução O conhecimento, como viver filosófico na ética do cuidado de si ( epi- meléia heatoü ), que nada mais era que exercícios espirituais, ou seja, referem- -se ao ser humano como um todo e não exclusivamente à sua religiosidade (HADOT, 2006, p. 9), esteve presente desde o início da filosofia grega e avançou nos primeiros séculos na filosofia ocidental. Contudo, a sua perda já se fez notar no final do período escolástico até que a última “pá de cal jogada” foi o Iluminismo (Aufklärung) setecentista e o seu modelo cientificista demolidor do subjetivismo e da própria meta- física. De fato, a metafísica já havia perdido seu prestígio antes, quando da criação da teologia como objeto de estudo e, de uma forma geral, quando a filosofia deixou de ser uma forma de vida experimentada por todos e passou a ser circunscrita mais nas universidades nascentes e tradicionais, ou seja, o “viver filosófico” passou a ser um objeto de estudo e não mais um projeto existencial. Visto pelo lado do meio ambiente, o Aufklärung atinge mortalmente a relação do homem com a natureza, com o cosmos e com ele mesmo, levan- do ao questionamento da própria aproximação da ferramenta que regula a sua perspectiva: a crítica passa a substituir a teoria e a forma de julgar. Porém, qual a justificativa dessa nova norma relacional? A quem é des- tinada essa regulamentação e qual a sua consequência? Haveria a possibili- dade do retorno do epimeléia heatoü com o agir humano através da ética da responsabilidade? Em que momento pode-se fazer isso? 1 Jurista. Mestre em Direito Agroambiental – UFMT. Doutorando no Programa de Pós-Gradu- cação em Filosofia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Músico violinista. Diretor da FESMP/MT. Promotor de justiça ambiental em Cuiabá, MT. DOI: https://doi.org/10.29327/523967.1-8

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