O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 67 A problematização objetiva apresentar uma visão de como se dá uma amostra das relações e o possível acesso dos afrodescendentes na sociedade brasileira, ou seja, no mundo acadêmico. O recorte aqui exposto atenta para uma abordagem da situação histórica da branquitude e/ou branquidade e a sobrevivência da negritude. O contexto de construção da ordem social brasileira apresentada por Florestan Fernandes é rígido e muito evidente na não participação das culturas negra e indígena. Segundo o autor, foi uma turbulência social, em que “[o] negro e o mulato, como eles diriam, aí ‘não têm vez’, encontrando-se rigidamente bloqueados por privilégios sociais que possuem inevitáveis e profundas implicações raciais” (FERNANDES, 1972, p. 49). No contexto que marca o período da revolução burguesa, uma época intensamente desfavorável para a cultura negra e os seus sujeitos, o autor dá ideia de como isso foi atraso no que tange a inclusão social e racial neste período. Esse desfavorecimento ou exclusão parece ter abrangido os afrodescendentes de todas as áreas centrais da sociedade, como também, no meio rural, quanto do meio urbano, dos fins do século XIX até a década de 1930. Cabe refletir, portanto, que além da situação de servil, o negro teve de se sujeitar, vendo pesar sobre ele os desastrosos rótulos e enigmas escondidos na questão racial, causando danos conceituais ideológicos, científicos, destruidores, ainda hoje, perpetuados no mundo acadêmico e na sociedade como um todo. A nosso ver, esses rótulos ficaram, de certa forma, internalizados em todas as etnias, a saber, a branca, a negra e a indígena. De um lado, esses rótulos vieram, sustentando as forças hegemônicas da superioridade permeada por diversas vias e estratégias sutis. Possivelmente, usando todos os meios de jogar para a população negra toda culpabilidade racial. Dessa forma, permaneceu a problemática das relações seguidas de rótulos pejorativos e, de outro lado, fortaleceu a fragilidade e inferioridade permeada pela falta de conhecimentos estratégicos e sem saídas para a população negra. Centrados numa situação complexa entre os ne-

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