O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 45 elitizado e dominante. Parece acontecer um jogo étnico perverso e contraditório. Os discursos proferidos por intelectuais e profissionais nos dias de hoje, não mostram visivelmente as contradições a respeito da classe dominante e a classe dos excluídos e, principalmente, os negros. A ideia que transcende todas as problemáticas raciais é uma inserção da ideologia da “cordialidade”, apresentando e forçando a ideia de que não existe racismo e nem diferença de (raça) ou qualquer outra etnia brasileira. Como refere Sérgio Buarque de Holanda15 em seu texto sobre o “homem cordial”: o autor enfatiza, dizendo que “[a] cordialidade é um traço do brasileiro de formar sua visão de um mundo com base na paixão, logo em uma subjetividade fatalmente egocêntrica e egoísta” (HOLANDA, p. 30 da Revista Biblioteca Entre Livros: textos fundamentais para ler e guardar). Percebe-se no cotidiano nas diversas discussões travadas nas esferas públicas sobre as políticas afirmativas ou a política governamental, dos partidos políticos, ou, ainda, a relação com as políticas públicas universais, aí também se destaca um certo silêncio das relações raciais na sombra da “cordialidade”. Quando se trata de uma política cultural específica dirigida para as populações indígena e negra, essa cordialidade se transforma em certo estilo de negação e mudança de discursos, ou percursos ideológicos. Existe uma percepção que, particularmente, nos inquieta e nos questiona. Todos os estudos relacionados às temáticas étnicas sempre aprofundaram o contexto da negritude e das questões indígenas, e nossa interrogação é: por que nunca se discute as razões do silêncio em relação à “temática da branquitude”? Quais os motivos que levam os cientistas a estudarem as diversas 15 HOLANDA, Sérgio Buarque de. Uma reflexão decisiva sobre o homem cordial. Artigo publicado por Reinaldo Damazio na Revista Biblioteca entre Livros: textos fundamentais para ler e guardar. Edição especial N. 8, 2008. Disponível em: <www.revistaentrelivros.com.br>.

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