O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 41 A nosso ver, quando não se discute abertamente as situações das culturas excluídas e que não há interesse nas produções, tanto nas academias, quanto no campo da esfera pública social e racial, pode estar havendo uma falsa transformação, ou o que Rossato (2003) vai chamar de ética enganosa neste tempo de globalização. Diante das problemáticas gerais de complexa inclusão das culturas, como a indígena e a negra, e as situações de vigilâncias nos campos educacionais, através das metodologias e pedagogias, podemos concordar com o autor, quando afirma que: O que propõe a globalização é que a ética ontológica da natureza humana seja submissa aos interesses do estado corporativo, por meio de um processo de controle vigilante, de desapropriação, ou por meio de uma experiência educacional de simulação, onde gerações inteiras são induzidas a conformar-se com a realidade estabelecida. (ROSSATO, 2003, p. 72) Muito nos preocupa a ideia de Rossato, pois as gerações futuras não poderão correr este risco de se depararem com uma educação dissimulada. Do mesmo modo, a ética é uma razão a qual os seres humanos ainda pensam ser um caminho menos arenoso no mundo da ciência. Portanto, o desafio da educação étnico-racial, ou melhor dizendo, a questão social e a questão racial necessitam de uma ética que auxilie tanto a população negra, quanto a população branca a encontrar a melhor forma de interagir nesta reeducação inclusiva do diferente, além de poderem atuar na esfera da sociedade através da reeducação social e racial enquanto sujeito e não apenas como objeto da globalização tecnológica brasileira. Na realidade, há uma força significativa por parte de alguns intelectuais sociais e de outros atuantes no mundo acadêmico. Mas, de outro lado, há também que se considerar os diversos jogos políticos e interesses que se centram de maneira individua-

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