O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 137 ... Conclusão Ao chegar no final desta reflexão teórica, o normal seria fazermos uma retomada conclusiva das ideias desenvolvidas ao longo dos três capítulos. Entendemos, no entanto, de maior proveito dentro da proposta do presente livro, manter isto como subentendido e referir aqui aspectos fundamentais dos resultados da pesquisa desenvolvida junto às três Instituições de Ensino Superior - IES, no sul do país. Temos percepção que os novos paradigmas causam incômodo nas academias, como referimos no início do cap. III. Percebemos, sobretudo, como está posto para nós como pesquisadoras(es) negras(os), neste contexto, uma caminhada dura e difícil de estudos, frente às violências simbólicas da branquidade, que não são fáceis de identificar em alguns meios. A partir da realização da pesquisa, resulta de forma renovada, por meio das três instituições e de seus contextos, a convicção de que a inclusão dos afrodescendentes é uma questão de ética e moral no que diz respeito a direitos sociais e de identidade étnico-racial, frente a uma dívida histórica da sociedade brasileira, que se deixou embalar em seu “berço esplêndido de branquidade”. Os contextos pesquisados são diferentes. Basta considerar os três hinos dos Estados. O do estado de Rio Grande do Sul é um hino muito cantado, e tem um forte matiz racista. O de Santa Catarina é um hino antirracista e libertário, mas pouco cantado. Já o do Paraná se apresenta de forma acolhedora e vibrante, demonstrando a valorização da autoestima dos sujeitos paranaenses. No estado do Paraná, e talvez o próprio hino possa ser considerado reflexo disto, é mais notável a relação de acolhida e aceitação do diferente. Mas mesmo neste contexto, olhando especificamente o Vale do Ivaí, há muitas ações afirmativas a se-

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