O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 123 Parece-nos que, de qualquer maneira, o sujeito branco foi também “domesticado” para dar continuidade às barbáries através das escritas e das produções científicas, não percebendo a ousadia do silêncio, inclusive abafando muitos processos de pesquisas e produções acadêmicas. Para nós surgem mais uma vez as interrogações que nos inquietam. Se houvesse a possibilidade de uma abolição e libertação da branquidade imposta aos sujeitos brancos, será que não poderia acontecer uma batalha mais simplificada de combate a criação e reprodução dos massacres raciais e exclusão dos sujeitos de culturas diferentes? Se os brancos pudessem quebrar o silêncio em relação ao “racismo velado e sutil” em relação à historicidade e a não participação ativa e visível da população afrodescendente nos processos sociais, educacionais e no mercado de trabalho, será que isso não ajudaria contribuir para a sua própria libertação e abolição dessa violência simbolicamente invisível? Em nosso País, discute-se muito sobre comportamentos éticos e sobre violência. Mas há certos tipos de violências simbólicas que ocasionam mortes identitárias e históricas culturais invisíveis, das quais quase nunca se falam. São violências que nunca chegam a serem percebidas ou vistas por estarem situadas neste meio simbólico e nas representações raciais do cotidiano. O sujeito afrodescendente, através da internalização forçada e inconsciente, de valores e ideais dos brancos, é obrigado a adotar para si modelos incompatíveis com seu próprio corpo o fetiche do branco, da brancura. As dificuldades existentes no campo da autonomia dos sujeitos e, principalmente, entre as etnias, também enfrentam seu nível de violência simbólica, física e de vocabulário estereotipado. A situação de violência simbólica advinda da parte do sujeito “branco” pode ser eliminada, na medida em que a temática da branquidade for melhor visibilizada e reconhecida pelo próprio sujeito. No contexto do conhecimento e reconhecimento de temas ainda pouco abordados como este, poderá surgir e emergir um novo tipo de relação mais dialógica e menos racista. O que para Ware pode ser:

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