O espelho quebrado da branquidade: aspectos de um debate intelectual, acadêmico e militante

Adevanir Aparecida Pinheiro 107 e da Razão. Situação semelhante se dá também no campo da religião, onde o negro era tratado como pagão ou sem “alma”. Como bem pontua Fernandes (1972, p. 29), “O negro não teve a oportunidade de ser livre: se não conseguiu igualar- -se ao ‘branco’ o problema era dele - não do “branco”. Diante disso, estrategicamente, mesmo consciente ou inconsciente, o próprio sujeito branco também foi fadado a uma “deseducação” e desrespeito. Em outras palavras, não teve saída. Ao longo dos séculos, os brancos vieram gravando, assimilando, aprendendo e incorporando todos os direitos de superioridades e discriminações de toda espécie sobre os índios e, principalmente, sobre os negros. A nosso ver, sob o “manto da brancura”, os brancos se colocam como a cultura única da civilização, em uma palavra - a “humanidade branca”. Em nossas leituras e levantamentos teóricos, fomos levados a descobrir que além dos conceitos e preconceitos constituídos em torno da cultura afrodescendente, também a cultura europeia esconde conceitos criados no sentido de garantir a fortaleza e poder da cultura que sempre se denominou branca. Ainda hoje, no sujeito branco, essa internalização parece ser normal ou até mesmo sendo vista como “um mal menor”. As reações percebidas no cotidiano da parte do sujeito branco exigem, talvez, maior atenção e análise principalmente na região sul do país, com ênfase no estado do Rio Grande do Sul. Percebemos que neste estado às resistências dos brancos, nos parecem muito mais visíveis. Apesar de ser uma temática nova e pouco pesquisada com mais rigor imaginamos que esteja aí mais um ponto de partida para avaliar com mais coerência as diferentes reações surgidas e, às vezes, apresentando situações envolvendo principalmente as violências físicas por este branco, contra os afrodescendentes (e indígenas). Podemos recordar aqui a morte do índio Pataxó que dormia num banco de praça em Brasília e que foi vítima de jovens de classe média; também podemos lembrar o atentado aos estudantes africanos na UnB, os dizeres rebaixando os estudantes negros

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