A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

116 Posfácio – Sopro de felicidade que vivemos e buscar novas chaves que abram outras interpretações e transformações sociais, abram outros questionamentos sobre as formas de poder. O que a economia tem a aprender da ética? Qual o papel das humanidades na refundação do presente sob bases mais justas? Quais ideais estão em disputa em nosso tempo e lugar? Estamos intoxicados com a vida urbana. E a cidade que vivemos sabe escutar? A cidade fala? O que ela diz? Ou ela nos ensurdece? Como podemos aquietar os pensamentos? Já temos códigos para Transtornos Mentais Comuns (a insônia, a fadiga, dificuldades de concentração) o que isso diz sobre corpos e mentes? Ou sobre outros modos de existências? Como se diferencia máscaras de rostos? Com quem está o dinheiro? Com quem mais precisa? Existe liberdade sem amor? E amor sem liberdade? O amparo só se constrói na ilusão do amor. Qual o lugar do outro pois temos a certeza que nossas vidas estão implicadas umas nas outras? Continuamos a querer um outro mundo possível ou reconhecemos que a possibilidade está neste mundo? Qual o lugar do sonho na reinvenção do (im)possível? Seremos melhores amanhã? Na formação em serviço as orientações valorativas de cada território, grupamento social ou campos de formação desvelam- se de acordo com um ritmo próprio apesar do ritmo do tempo colocado pelo modo de produção da sociedade envolvente. Cada vez mais acelerado. Nesta relação espaço/tempo brotam outras sistematizações possíveis da vida que se leva. E a proposta da leitura é que consigamos ir um pouco além: reconhecer que trabalhar desde a diversidade como um valor é trabalhar na eminencia do atravessamento de outras inteligências. E isso é reconhecer que a dúvida é uma dádiva. Com quantas dúvidas se constrói uma certeza? Do movimento de dar-receber-e-dar-de-volta? Porque buscar o comum? E pergunto ainda se isso leva a “desinventar” competições? São muitos os questionamentos. E a leitura proposta pelas Residentas autoras destes textos propõe a difundir um certo conhecimento. Convocar os leitores a uma reflexão sobre como superar a fragmentação social, o medo e a solidão. Aproximar diferentes para a reflexão responsável e não indiferente sobre as suas diferenças. Escrever este posfácio além de uma honra é a possibilidade de fazer ponte, tecer relações com poder de afetar, de produzir pensamento e sentimento apesar de estarmos submersos num pedaço de mundo (ocidentalizado) em que dividir e classificar toca em limites quase insuportáveis. A colonização e a divisão que ainda persiste e que por meio da qual uns sentem-se livres para classificar outros.

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