A capoeira joga com a dureza da vida

95 A CAPOEIRA JOGA COM A DUREZA DA VIDA barreiras territoriais. Enfim, através dessa ação, nosso interlocutor demonstrou as infinitas potencialidades a serem exploradas que se encontram à disposição na Internet e podem ocasionar mudanças em nossas práticas cotidianas. Como afirma Lemos (2003): Os novos meios de comunicação que coletam, manipulam, estocam, simulam e transmitem os fluxos de informação criam uma nova camada que vem a se sobrepor aos fluxos materiais que estamos acostumados a receber. O ciberespaço é um espaço sem dimensões, um universo de informações navegável de forma instantânea e reversível. Ele é, dessa forma, um espaço mágico, caracterizado pela ubiqüidade, pelo tempo real e pelo espaço não- físico. Estes elementos são característicos da magia como manipulação do mundo (LEMOS, 2003, p. 137). Isso me leva a crer que seja inquestionável a importância do crescente número de vídeos exibindo os jogos de mestres que já morreram. Pois, se tratando de tradição, temos no YouTube uma plataforma e um dispositivo que garante o resgate e a sobrevivência dos fundamentos da Capoeira Angola. Ao mesmo tempo, a função de registro documental supera a noção de que as novas tecnologias distanciam a nossa relação com a memória ancestral. Através desse exemplo, temos mais uma prova de que o determinismo tecnológico, uma discussão estabelecida por parte da filosofia, onde foram associadas as novas criações humanas a uma forma de dominação da máquina sobre o homem, apresentou uma visão equivocada. O que vem ocorrendo, de fato, é a ampliação de uma rede global de indivíduos (cibernautas) engajados que se propõem a demonstrar na prática a beleza performática e a eficiência da Capoeira Angola enquanto defesa pessoal. Uma variedade de produções audiovisuais, tanto dos novos quanto dos antigos mestres, estão disponíveis para apreciação e aprendizagem de seus saberes para o mundo inteiro. O estar em campo para essa pesquisa remete à expansão da capoeira pela rede on-line e simultaneamente pelo mundo off-line. Conforme a consideração de Jean Segata (2016):

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