A capoeira joga com a dureza da vida

66 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 4 CAPÍTULO 3 – VIVENDO A CAPOEIRA HOJE E A QUALQUER MOMENTO O objetivo neste capítulo é explicitar as práticas e interesses dos que são os elaboradores da capoeira. Para tanto, inicio apresentando os dois contextos que acompanhei e comentando como parte da multiplicidade de experiências de capoeiristas em Porto Alegre com e nas comunidades que circulam em Porto Alegre, mostrando que a periferia está também em movimento pela cidade. Circulando pela cidade na resistência do Movimento Capoeira Angola Em uma ensolarada tarde de domingo, eu observava/participava de mais uma Roda do Chafariz, a tradicional roda de capoeira que acontece há mais de dez anos no Parque da Redenção, em Porto Alegre. Parecia ser mais uma tarde de muitos jogos amistosos, outros nem tanto, enfim, nenhum fato surpreendente me havia ocorrido. Foi quando dois sujeitos aparentando serem moradores de rua e nitidamente alcoolizados entraram na roda e ficaram alguns minutos simulando um jogo de capoeira. Algumas pessoas que assistiam à roda expressaram impaciência e desprezo. Após alguns minutos, os dois sujeitos cansaram e terminaram de apresentar seu jogo “descompassado” e se retiraram da roda. Nesse momento, o Contramestre Jean, do Grupo Raízes do Sul, que coordenava a roda, pediu que todos aplaudissem os dois e ressaltou:

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